Agricultura Climáticamente Inteligente: Inovação para o Futuro
Fundamentos da Agricultura Climáticamente Inteligente

A agricultura climáticamente inteligente, frequentemente abreviada como ACI, configura-se como um enfoque inovador para a gestão dos sistemas agrícolas visando enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas de maneira eficiente e sustentável. Essa metodologia engloba práticas, tecnologias e políticas que buscam aumentar a produtividade agrícola, melhorar a resiliência dos sistemas rurais a eventos climáticos extremos e reduzir as emissões de gases de efeito estufa emitidos pelo setor.
O conceito da ACI baseia-se em três pilares fundamentais: a adaptação ao clima para minimizar danos, a mitigação dos impactos ambientais negativos e o incremento na produtividade para garantir segurança alimentar. Adaptar-se às mudanças climáticas exige uma avaliação precisa das vulnerabilidades locais e regionais, permitindo que os agricultores adotem estratégias que reduzam a exposição a riscos como secas prolongadas, enchentes e variações bruscas de temperatura.
No âmbito da mitigação, o foco está em diminuir a pegada de carbono das atividades agrícolas. Isso se traduz em práticas que diminuam o uso de combustíveis fósseis, promovam o sequestro de carbono no solo e limitem emissões relacionadas a fertilizantes nitrogenados e à pecuária.
Ao mesmo tempo, a agricultura climáticamente inteligente insiste em garantir que o aumento da produção agrícola ocorra sem degradação dos recursos naturais, assegurando assim a sustentabilidade a longo prazo. Desta forma, promove o equilíbrio entre necessidades econômicas, ambientais e sociais, reconhecendo o papel fundamental do agricultor nesse processo.
O entendimento aprofundado dos fundamentos da ACI é imprescindível para que políticas públicas, organizações técnicas e produtores rurais implementem soluções efetivas, ajustadas às condições singulares de cada região.
Para melhor ilustrar tais conceitos, podemos citar como exemplo o uso de variedades de sementes resistentes a secas em regiões áridas, aliado à implementação de sistemas agroflorestais que proporcionam sombra, aumentam a infiltração de água e consequentemente reduzem a evaporação do solo. Este conjunto de intervenções demonstra a integração entre adaptação e mitigação em um contexto produtivo.
Além disso, a interdisciplinaridade na ACI destaca-se como um atributo essencial. A interligação entre ciência climática, agronomia, economia e sociologia rural permite desenvolver estratégias abrangentes e adequadas às especificidades locais. O engajamento das comunidades agrícolas nesse processo torna-se, portanto, mais efetivo e sustentável.
O fortalecimento da agricultura climáticamente inteligente depende também da difusão de conhecimento técnico, acessibilidade à tecnologia e financiamento que possibilitem a adoção das práticas recomendadas. Sem essas condições, o avanço pode ser limitado e desigual, prejudicando a segurança alimentar e a resiliência na agricultura.
Dessa maneira, compreendemos que a ACI não é apenas um conjunto de técnicas, mas um paradigma que reorienta o desenvolvimento rural, promovendo uma agricultura mais robusta frente às ameaças climáticas.
Impactos das Mudanças Climáticas na Agricultura Atual
As mudanças climáticas representam uma das maiores ameaças ao setor agrícola global, afetando diretamente a produção, a sustentabilidade e a segurança alimentar. Entre os principais impactos observados, destacam-se o aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como secas, enchentes e tempestades, que prejudicam a estabilidade das colheitas e a saúde do solo.
Outro efeito significativo é a alteração dos padrões pluviométricos que compromete o calendário agrícola e demanda ajustes constantes na escolha de culturas e técnicas de manejo. Em muitas regiões, observa-se também o aumento da temperatura média, causando estresse térmico em plantas e animais, além de favorecer o surgimento e a propagação de pragas e doenças.
Essas variabilidades climáticas dificultam a previsibilidade das safras, alteram a disponibilidade hídrica e elevam os custos de produção, refletindo negativamente na renda dos agricultores. Como exemplo, os produtores de milho em regiões tropicais enfrentam perdas frequentes devido ao déficit hídrico associado ao prolongamento das secas.
Além disso, o solo, elemento vital para a agricultura, tem sua qualidade ameaçada pelo aumento da erosão e pela redução da matéria orgânica ocasionadas por eventos extremos e pelo manejo inadequado. A perda da fertilidade do solo compromete a capacidade produtiva a médio e longo prazo.
Em regiões costeiras, a salinização provocada pela elevação do nível do mar tem impactado áreas agricultáveis, condicionando a necessidade de medidas específicas para preservar a produção local. A intensificação da salinidade do solo torna inviável o cultivo de diversas culturas tradicionais, exigindo alternativas adaptativas.
A vulnerabilidade dos sistemas agrícolas não é uniforme, variando conforme a topografia, o tipo de agricultura praticado, os recursos disponíveis e as condições socioeconômicas das comunidades. Pequenos produtores rurais, por exemplo, são particularmente afetados, devido à pouca capacidade de investimento e menor acesso a tecnologias e assistência técnica.
O impacto sobre a agricultura translada-se ainda para as cadeias produtivas relacionadas, afetando a indústria de alimentos, o comércio e o mercado de trabalho rural. Isso evidencia a necessidade urgente de adotar práticas de agricultura climáticamente inteligente para mitigar esses efeitos adversos.
O acompanhamento científico rigoroso e as projeções climáticas permitem antecipar tomadas de decisão, sendo imprescindível que os agricultores estejam capacitados a interpretar essas informações para ajustar suas operações.
O cenário atual impõe um desafio global: produzir alimentos suficientes para uma população crescente, preservando os recursos naturais e mitigando as contribuições para o aquecimento global, tarefa que apenas a integração da agricultura climáticamente inteligente pode responder adequadamente.
Práticas Agrícolas Resilientes e Sustentáveis
Adotar práticas agrícolas resilientes e sustentáveis é uma das bases para a consolidação da agricultura climáticamente inteligente, pois traduz a aplicação prática dos conceitos que aumentam a capacidade dos sistemas produtivos de resistir e se recuperar frente às adversidades climáticas.
Uma das práticas mais amplamente difundidas é o plantio direto, que evita o revolvimento do solo, reduzindo a erosão, melhorando a infiltração da água e aumentando o estoque de matéria orgânica. Além disso, o plantio direto contribui para a estabilidade térmica e hídrica do solo, fatores essenciais para a adaptação às alterações climáticas.
Outro método eficaz é a rotação de culturas que diversifica o uso do solo, interrompe ciclos de pragas e doenças, além de melhorar a fertilidade do solo ao reintroduzir diferentes grupos de plantas no sistema produtivo. A diversificação também aumenta a resiliência econômica, reduzindo a dependência de uma única cultura.
Sistemas agroflorestais representam um dos exemplos mais exemplares de práticas climáticamente inteligentes, ao mesclar a agricultura com o cultivo de árvores nativas ou produtivas. Essa integração eleva a capacidade de retenção de carbono, melhora a qualidade do solo e protege contra eventos climáticos extremos, além de ampliar a biodiversidade e ofertar renda diversificada para os agricultores.
O uso racional da água é igualmente fundamental. Técnicas como a irrigação por gotejamento e a captação de água da chuva otimizam o uso desse recurso, crucial em um contexto de restrições hídricas crescentes. A gestão eficiente da água permite que culturas resistam a períodos críticos sem perdas significativas de produtividade.
Manejo integrado de pragas (MIP) destaca-se ainda como prática essencial para minimizar o impacto ambiental causado pelo uso excessivo de pesticidas. O MIP alia métodos biológicos, culturais e químicos de forma equilibrada, promovendo maior saúde dos sistemas agrícolas e reduzindo contaminantes no ambiente.
Práticas conservacionistas envolvendo cobertura do solo com palhada, implantação de curvas de nível e terraceamento ajudam a preservar a estrutura e a fertilidade do solo, além de diminuir o risco de erosão e assoreamento de corpos d’água.
Outro ponto crucial é a melhoria genética de sementes e mudas, buscando variedades adaptadas a condições locais que resistam a estresses climáticos, como seca ou alta temperatura, sem comprometer a produtividade. O desenvolvimento dessas variedades envolve pesquisa contínua e disponibilidade aos agricultores.
Todo esse arcabouço de práticas precisa ser apoiado por políticas governamentais, educação continuada e incentivos econômicos que permitam a adoção em larga escala, especialmente por pequenos e médios produtores.
Integrar essas abordagens evidencia que a sustentabilidade na agricultura só é possível quando aliada à resiliência climática, confirmando o caráter multifacetado da agricultura climáticamente inteligente.
Uso de Tecnologias para Mitigação e Adaptação
A incorporação de tecnologias avançadas na agricultura permite aprimorar as estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, aumentando a eficiência dos processos produtivos e a resiliência do sistema agrícola.
Dentre as principais inovações, destacam-se os sistemas de monitoramento climático baseados em sensores remotos e estações meteorológicas automatizadas, que fornecem dados em tempo real sobre condições ambientais, facilitando decisões rápidas e assertivas por parte dos agricultores. Essas tecnologias ajudam a prever condições adversas e otimizar o manejo das culturas.
A agricultura de precisão, que utiliza imagens aéreas, drones, GPS e softwares para análise detalhada do terreno e das plantações, permite aplicar insumos de maneira localizada, reduzindo o desperdício e os impactos ambientais. Esta abordagem possibilita um controle rigoroso sobre irrigação, fertilização e controle de pragas, alinhado aos princípios da agricultura climáticamente inteligente.
Outra tecnologia chave está representada pelos softwares de gestão agrícola que incorporam modelos climáticos para simular cenários futuros, ajudando o produtor a planejar a melhor janela para o plantio, colheita e outras operações. Ferramentas assim ampliam a capacidade de adaptação das culturas frente à variabilidade climática.
A biotecnologia contribui com o desenvolvimento de variedades geneticamente melhoradas que toleram estresses climáticos, tais como resistência à seca, salinidade ou altas temperaturas. Estes materiais vegetais são resultado de pesquisas genéticas aplicadas para proporcionar maior produtividade e estabilidade às safras.
Além disso, tecnologias para sequestro de carbono no solo, como biochar e compostagem eficiente, auxiliam na mitigação dos gases de efeito estufa, ao mesmo tempo em que melhoram a fertilidade e a capacidade de retenção hídrica do solo.
Robôs agrícolas e sistemas automatizados vêm ganhando espaço no monitoramento e manejo de culturas, possibilitando intervenções mais precisas com menor impacto ambiental. Em alguns casos, essas inovações permitem também o plantio e a colheita em horários otimizados, aproveitando condições climáticas mais favoráveis.
Tecnologias de previsão climática, combinadas com inteligência artificial, vêm evoluindo para fornecer alertas antecipados sobre eventos extremos, tais como secas severas ou tempestades intensas, melhorando o preparo dos agricultores e reduzindo perdas.
O acesso e a difusão dessas tecnologias ainda são desafios relevantes, especialmente em regiões menos favorecidas, onde a inclusão digital e capacitação técnica são limitadas. Políticas públicas e parcerias estratégicas buscam enfrentar essas barreiras, promovendo a democratização dessas ferramentas.
Portanto, o uso de tecnologias no contexto da agricultura climáticamente inteligente não é uma mera opção, mas um requisito para garantir produtividade sustentável e capacidade adaptativa robusta às futuras mudanças climáticas.
Políticas Públicas e Incentivos para Agricultura Climáticamente Inteligente
As políticas públicas desempenham papel decisivo na implementação e expansão da agricultura climáticamente inteligente, criando condições estruturais que promovam a adoção de práticas mais sustentáveis e resilientes frente às mudanças ambientais.
Governos, em nível municipal, estadual e federal, têm desenvolvido programas que buscam financiar projetos de adaptação e mitigação, tais como linhas de crédito favoráveis, subsídios para aquisição de tecnologias, capacitação técnica e suporte à pesquisa científica. Essas iniciativas são fundamentais para superar as barreiras financeiras e técnicas que limitam muitos produtores.
Um exemplo relevante são os Planos de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), que incentivam ações alinhadas à redução das emissões e à preservação ambiental. Através deles, agricultores recebem apoio para implementar sistemas agroflorestais, recuperação de áreas degradadas e plantio direto, dentre outras práticas.
Políticas que promovem o uso eficiente dos recursos hídricos têm ganhado destaque. Programas de saneamento rural e uso racional da água são incentivados para garantir a disponibilidade hídrica, importante fator frente ao aumento das secas e irregularidades nas chuvas.
Os mecanismos de pagamento por serviços ambientais (PSA) também são uma ferramenta eficaz, remunerando agricultores que adotam práticas que contribuem para o sequestro de carbono e a conservação dos ecossistemas, incentivando a manutenção de áreas nativas e a redução do desmatamento.
Além disso, a integração dos agricultores em cadeias de valor sustentáveis e certificações ambientais agrega valor à produção, viabilizando mercados que reconhecem e remuneram adequadamente esses esforços.
Nos países em desenvolvimento, cooperações internacionais e financiamentos multilaterais destinam recursos para fortalecer a agricultura climáticamente inteligente, fornecendo tecnologias, treinamento e infraestrutura para ampliar seu alcance.
A formulação de políticas públicas eficazes demanda envolvimento multissetorial e participativo, incluindo atores comunitários, setor privado, instituições de pesquisa e sociedade civil, para assegurar que as ações sejam adaptadas à realidade local e cultural dos agricultores.
Outro aspecto importante é a criação de sistemas de monitoramento e avaliação que acompanhem o progresso das iniciativas, garantindo transparência e possibilitando ajustes necessários para alcançar as metas ambientais e produtivas.
Dessa forma, as políticas públicas não podem ser encaradas isoladamente, mas integradas a um conjunto de ações que envolvam educação, inovação e economia para sustentar a transformação da agricultura tradicional para uma agricultura resiliente e inteligente em termos climáticos.
Casos de Sucesso e Aplicações Práticas
Exemplos práticos de implementação da agricultura climáticamente inteligente demonstram que, apesar dos desafios, é possível alcançar resultados positivos que beneficiam tanto o meio ambiente quanto os agricultores.
Na região Nordeste do Brasil, algumas cooperativas adotaram sistemas agroflorestais combinados com o uso de variedades adaptadas a condições semiáridas. Essa integração aumentou a produtividade de fruteiras e protegidas, melhorou a qualidade do solo e promoveu uma fonte diversificada de renda. O sucesso desse modelo mostrou-se especialmente relevante para agricultores familiares vulneráveis.
Em países como Quênia e Etiópia, a introdução de tecnologia de irrigação por gotejamento, aliada a práticas de plantio direto, tem reduzido o consumo de água em até 50%, permitindo o cultivo em períodos críticos e diversificação dos cultivos. Tais intervenções estão auxiliando na segurança alimentar e mitigando a migração rural para áreas urbanas.
No estado do Paraná, projetos implantados com o uso de sensores para monitoramento do solo e clima proporcionaram o ajuste preciso do manejo de fertilizantes e irrigação, aumentando a eficiência produtiva e reduzindo as emissões associadas. O uso dessas tecnologias mostrou-se sustentável economicamente e ambientalmente.
Organizações não governamentais, em parceria com governos locais, implementaram programas de capacitação em técnicas de agricultura climáticamente inteligente, facilitando a troca de conhecimento e a adoção de boas práticas. Esse modelo tem sido fundamental para criar redes de apoio e fortalecer comunidades rurais.
No contexto da pecuária, sistemas rotacionais de pastagem associadas a manejo do solo e plantações de forragem com alta capacidade de fixação de nitrogênio vêm contribuindo para a redução da emissão de metano e manutenção da produtividade animal.
Estudos demonstram que a integração dessas práticas permite um balanço positivo de carbono, além dos ganhos diretos para os agricultores, ancorando um modelo economicamente viável e ambientalmente responsável.
A multiplicação desses modelos de sucesso depende do estímulo contínuo ao suporte técnico, acesso a crédito e políticas públicas que legitimem e promovam a agricultura climáticamente inteligente como eixo central do desenvolvimento rural sustentável.
Para os interessados em replicar essas experiências, é essencial um diagnóstico local detalhado, planejamento participativo e acompanhamento sistemático dos resultados para garantir a eficácia das intervenções.
Educação, Capacitação e Sensibilização
A disseminação do conhecimento sobre agricultura climáticamente inteligente é vital para a sua consolidação e ampliação. A educação e capacitação dos agricultores, técnicos e gestores rural promovem a correta aplicação das práticas e o desenvolvimento de soluções inovadoras adaptadas às realidades locais.
Programas de extensão rural são fundamentais para levar informações atualizadas, tecnologias e métodos adequados aos produtores, com foco na autonomia para tomada de decisões que beneficiem o meio ambiente e a produtividade.
Iniciativas educativas que envolvem demonstrações práticas, oficinas, uso de materiais visuais e abordagens participativas garantem maior assimilação e engajamento das comunidades rurais. O aprendizado conjunto entre agricultores permite a troca de experiências e soluções contextualizadas.
Universidades e centros de pesquisa desempenham papel de destaque na geração de conhecimento e formação de profissionais qualificados, além de desenvolver tecnologias e organizar eventos que fortalecem a rede de atores envolvidos.
Campanhas de sensibilização dirigidas ao público geral e consumidores também são relevantes para promover a valorização dos produtos provenientes de sistemas agrícolas sustentáveis, incentivando a demanda por modelos climáticamente inteligentes.
Os meios digitais, incluindo plataformas online, aplicativos móveis e redes sociais, ampliam o alcance e a disponibilidade de informações técnicas, permitindo consultas rápidas e atualizadas que auxiliam no monitoramento e manejo das atividades agrícolas.
A formação de jovens agricultores e a inclusão de conteúdos relacionados à sustentabilidade climática na educação básica rural fomentam uma geração mais consciente e preparada para os desafios futuros da agricultura.
O fortalecimento dos vínculos comunitários e o incentivo à organização social facilitam a cooperação e o uso coletivo dos recursos, além de aumentar a capacidade de lobby por políticas favoráveis.
Por fim, os programas de capacitação devem ser contínuos e flexíveis para acompanhar as mudanças nas condições climáticas, tecnológicas e sociais, garantindo que os agricultores mantenham a capacidade de adaptação e inovação requeridas.
Desafios e Perspectivas Futuras na Agricultura Climáticamente Inteligente
Apesar dos avanços, a implementação ampla da agricultura climáticamente inteligente enfrenta desafios significativos, relacionados à falta de recursos, acesso desigual à tecnologia, barreiras institucionais, e a necessidade de mudanças culturais profundas.
Um dos principais obstáculos é a limitação financeira dos pequenos produtores que dificultam a adoção de tecnologias e práticas recomendadas. A insuficiência de políticas públicas integradas e a escassez de assistência técnica contribuem para essa dificuldade.
Além disso, a fragmentação do conhecimento e a falta de dados locais precisos podem resultar em decisões inadequadas, subestimando a complexidade dos sistemas agrícolas e suas interações com o clima.
A questão da adaptação tecnológica implica também na necessidade de infraestrutura básica, como acesso à internet e energia, que ainda são carências em muitas áreas rurais.
Outro desafio reside na sensibilização e mudança de paradigmas culturais, uma vez que muitos agricultores estão acostumados a práticas tradicionais e resistentes a inovações, exigindo trabalho contínuo de educação e demonstração de benefícios concretos.
As perspectivas futuras indicam uma maior integração entre ciência, tecnologia e políticas públicas, além do fortalecimento da participação social para construir soluções adaptativas e inclusivas. O avanço da inteligência artificial, big data e sensores promete transformar ainda mais a agricultura, proporcionando maior precisão e eficiência.
Espera-se também que a cooperação internacional e os compromissos ambientais elevem o investimento em iniciativas de agricultura climáticamente inteligente, ampliando sua adoção em regiões vulneráveis.
Por fim, o sucesso a longo prazo dependerá da capacidade de adaptação sistêmica, que envolva todos os elos da cadeia produtiva e os diversos atores sociais, garantindo uma agricultura sustentável, produtiva e em harmonia com o clima.
Aspecto | Descrição | Benefícios | Exemplos |
---|---|---|---|
Adaptação Climática | Práticas que aumentam a resistência dos sistemas agrícolas a eventos extremos do clima. | Redução de perdas, maior estabilidade produtiva. | Uso de variedades resistentes, sistemas agroflorestais. |
Mitigação de Emissões | Redução da pegada de carbono do setor agrícola através de práticas e tecnologias específicas. | Contribuição para o combate ao aquecimento global. | Plantio direto, sequestro de carbono no solo. |
Uso de Tecnologias | Implementação de inovação para otimização do manejo e monitoramento. | Aumento da eficiência, redução de insumos e impactos. | Drones, sensores, agricultura de precisão. |
Gestão da Água | Técnicas para o uso racional e eficiente dos recursos hídricos na agricultura. | Conservação dos recursos e maior disponibilidade durante secas. | Irrigação por gotejamento, captação de água da chuva. |
Políticas Públicas | Estratégias governamentais que incentivam e suportam a adoção de práticas climáticas inteligentes. | Facilitação do acesso a tecnologias e financiamento. | Planos ABC, subsídios, pagamento por serviços ambientais. |
Capacitação e Educação | Programas para formação técnica e conscientização dos agricultores. | Melhor uso das tecnologias e práticas agrícolas. | Extensão rural, oficinas, plataformas digitais. |
Sustentabilidade | Práticas que promovem o equilíbrio entre produção, meio ambiente e sociedade. | Preservação de recursos para gerações futuras. | Rotação de culturas, manejo integrado de pragas. |
Resiliência Econômica | Diversificação e fortalecimento das cadeias produtivas rurais. | Redução de riscos e aumento da renda dos produtores. | Agroflorestas, certificação de produtos sustentáveis. |
FAQ - Agricultura Climáticamente Inteligente
O que é agricultura climáticamente inteligente?
Agricultura climáticamente inteligente é um conjunto de práticas, tecnologias e políticas que buscam aumentar a produtividade agrícola de forma sustentável, adaptando o setor agrícola às mudanças climáticas e mitigando suas emissões de gases de efeito estufa.
Quais são os principais pilares da agricultura climáticamente inteligente?
Os três pilares principais são: adaptação às mudanças climáticas para resistência a eventos extremos, mitigação dos impactos ambientais reduzindo emissões e incremento da produtividade para garantir segurança alimentar.
Como a agricultura climáticamente inteligente contribui para a mitigação das mudanças climáticas?
Contribui por meio da redução das emissões de gases de efeito estufa, sequestro de carbono no solo, uso eficiente de fertilizantes, manejo adequado da pecuária e práticas que reduzem o uso de combustíveis fósseis.
Quais tecnologias são utilizadas na agricultura climáticamente inteligente?
Entre as tecnologias destaca-se a agricultura de precisão, sensores remotos, drones, variedades melhoradas geneticamente, sistemas de irrigação eficientes e softwares de monitoramento climático e gestão agrícola.
Quais são os principais desafios para a adoção da agricultura climáticamente inteligente?
Desafios incluem falta de recursos financeiros, acesso limitado à tecnologia, insuficiência de políticas públicas integradas, baixa capacitação técnica e resistência cultural a mudanças.
Como políticas públicas ajudam na implementação da agricultura climáticamente inteligente?
Elas fornecem suporte financeiro, subsídios, capacitação técnica, incentivos para práticas sustentáveis, programas de pagamento por serviços ambientais e promovem a pesquisa e inovação.
Por que a capacitação dos agricultores é importante para a agricultura climáticamente inteligente?
A capacitação permite que os agricultores compreendam e apliquem as melhores práticas, adaptem-se às mudanças climáticas, utilizem tecnologias e gerenciem recursos de forma eficiente.
Existe algum exemplo prático de agricultura climáticamente inteligente bem-sucedida?
Sim, sistemas agroflorestais no Nordeste do Brasil e irrigação por gotejamento na África Oriental são exemplos que aumentaram produtividade, ajudaram na adaptação climática e promoveram sustentabilidade.
Agricultura climáticamente inteligente é uma abordagem que integra adaptação às mudanças climáticas, mitigação das emissões e aumento sustentável da produtividade agrícola, garantindo a resiliência dos sistemas rurais e segurança alimentar diante dos desafios ambientais atuais e futuros.
A agricultura climáticamente inteligente representa uma abordagem integrada e estratégica para a produção agrícola no contexto das mudanças climáticas. Ao unir adaptação, mitigação e aumento da produtividade, ela possibilita sistemas agrícolas mais resilientes, sustentáveis e produtivos, essenciais para garantir a segurança alimentar global. A adoção ampla dessa metodologia requer compromisso contínuo, cooperação entre diversos atores, implantação de políticas eficazes, capacitação técnica e acesso às tecnologias adequadas. Somente com esses elementos será possível enfrentar os desafios climáticos atuais e futuros, garantindo que a agricultura continue sendo uma atividade econômica viável, socialmente justa e ambientalmente responsável.